terça-feira, 29 de setembro de 2009

Caro Amigo

Antigamente quando alguém fazia alguma coisa boa a gente dizia: "passou um anjo". Às vezes a gente sente uma brisa, um perfume, um tilintar de sininhos... será um indício de que eles estão por perto?

Hoje é o Dia dos Arcanjos Gabriel, o mensageiro, aquele que anunciou a vinda do Messias; Rafael, aquele que cura; e Miguel, o líder dos exércitos celestiais, o responsável por pesar os pecados de cada um, o 'pesador' de almas.


Detalhe da obra de Leonardo da Vinci, Anunciação.

Você acredita em anjos, meu amigo? Porque é muito confortante acreditar que, com toda nossa fragilidade, possamos contar com a proteção de seres tão extraordinários!

Um beijo. Yara.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Caro Amigo

Todos nós temos um artista escondidinho bem no fundo da alma. Quem nunca rabiscou uns poemas? Ou fez esculturas com purê de batata? Ou cantou no banheiro? Quem nunca sentiu que poderia ter uma alma artística?

Meu avô sentiu! Desde jovem o colocaram pra estudar música, mas o sonho de se tornar famoso acabou quando o seu pai quebrou o violino na cabeça dele. Depois, tornou-se soldador. Profissão que exerceu a vida toda. Mas, como sempre gostou de música, apresentava-se como baterista, aos fins de semana, tocando em bailes.

Os bailes acabaram. Seus dotes artísticos não. Dessa vez, saiu-se escultor. Unindo uma enorme imaginação às técnicas de solda, ele se pôs a criar figuras longilíneas com movimentos graciosos; algumas vezes retratando o cotidiano, em outras, momentos históricos. Participou de várias exposições. Se não teve o reconhecimento merecido, ao menos alcançou a realização pessoal e a admiração dos que conheceram seu trabalho.

Ture, soldador-escultor: as mãos calejadas e queimadas torneando curvas delicadas, dando forma aos sonhos de operário.


Com carinho. Yara.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Caro Amigo


Esta foto é de um belo ipê-roxo que eu via da janela da minha casa. Via. Já não existe mais...É uma pena ver a natureza ser destruída desse jeito. E o pior é que o ser humano só vai se dar conta do que está fazendo quando não houver mais jeito de consertar tantos erros.

No seu bairro há muitas árvores, meu amigo? Você já plantou alguma? Eu já plantei um gracioso manacá! Que tal plantar uma mudinha de alguma árvore frutífera neste 21 de setembro, Dia da Árvore? Enquanto é tempo...

Um abraço. Yara.

domingo, 13 de setembro de 2009

Caro Amigo

Hoje em dia entendemos por 'banda' um grupo de jovens músicos que toca geralmente rock. Há muitos anos, acompanhando Chico Buarque, víamos a Banda passar: um bumbo, uma tuba, um trombone, pratos e um trompete. Há muitos, mas muitos anos, ouviam-se as 'grandes bandas' (ou big bands), que tocavam nos salões de baile.

Meu avô tocava em uma dessas bandas. Idos de 50. Não era como a de Glenn Miller, mas a banda tinha nome e até posava para foto! Apresentava-se no Odeon, em São Bernardo. Depois, com outra banda, meu avô tocava no Clube XX de Setembro, ou 'Vinte', como era conhecida a pequena casa onde o pessoal do bairro se encontrava para dançar ao som de boleros, mambos, valsas. O Vinte localizava-se na 'Área Verde', onde hoje há uma lanchonete de uma rede de fast food...

Meu avô era o baterista. Comandava o ritmo da música e do próprio baile quando, com seu jeito brincalhão, trocava a letra das canções. Era lá, sobre o palco, que ele tinha seu momento de glória! A baqueta em forma de vassourinha chiava malandramente na caixa; o pé cadenciado no pedal e o prato 'cantando' com seu entusiasmo. A festa pulsava ao ritmo do seu coração. Se havia quem amasse a vida, esse alguém era ele.

Da bateria, ele apreciava o movimento do salão: os 'lances' dados pelos quitutes a serem degustados durante a noite; a gentileza dos cavalheiros em nunca deixar uma dama no meio do salão; os rapazes que vinham do Centro e ficavam admirando o baile através das janelas; as brigas que haviam quando um rapaz do Centro 'mexia' com uma moça do bairro (e meu avô: "Continuem tocando, não parem!").

Tudo isso em um ambiente familiar, pois famílias inteiras saíam aos sábados à noite para se divertirem juntas. Outros tempos...


"...Mas para meu desencanto, o que era doce acabou. Tudo tomou seu lugar, depois que a banda passou. E cada qual no seu canto, em cada canto uma dor. Depois da banda passar, cantando coisas de amor..."
Com carinho, Yara.