Hoje em dia entendemos por 'banda' um grupo de jovens músicos que toca geralmente rock. Há muitos anos, acompanhando Chico Buarque, víamos a Banda passar: um bumbo, uma tuba, um trombone, pratos e um trompete. Há muitos, mas muitos anos, ouviam-se as 'grandes bandas' (ou big bands), que tocavam nos salões de baile.
Meu avô tocava em uma dessas bandas. Idos de 50. Não era como a de Glenn Miller, mas a banda tinha nome e até posava para foto! Apresentava-se no Odeon, em São Bernardo. Depois, com outra banda, meu avô tocava no Clube XX de Setembro, ou 'Vinte', como era conhecida a pequena casa onde o pessoal do bairro se encontrava para dançar ao som de boleros, mambos, valsas. O Vinte localizava-se na 'Área Verde', onde hoje há uma lanchonete de uma rede de fast food...
Meu avô era o baterista. Comandava o ritmo da música e do próprio baile quando, com seu jeito brincalhão, trocava a letra das canções. Era lá, sobre o palco, que ele tinha seu momento de glória! A baqueta em forma de vassourinha chiava malandramente na caixa; o pé cadenciado no pedal e o prato 'cantando' com seu entusiasmo. A festa pulsava ao ritmo do seu coração. Se havia quem amasse a vida, esse alguém era ele.
Da bateria, ele apreciava o movimento do salão: os 'lances' dados pelos quitutes a serem degustados durante a noite; a gentileza dos cavalheiros em nunca deixar uma dama no meio do salão; os rapazes que vinham do Centro e ficavam admirando o baile através das janelas; as brigas que haviam quando um rapaz do Centro 'mexia' com uma moça do bairro (e meu avô: "Continuem tocando, não parem!").
Tudo isso em um ambiente familiar, pois famílias inteiras saíam aos sábados à noite para se divertirem juntas. Outros tempos...
"...Mas para meu desencanto, o que era doce acabou. Tudo tomou seu lugar, depois que a banda passou. E cada qual no seu canto, em cada canto uma dor. Depois da banda passar, cantando coisas de amor..."
Com carinho, Yara.
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