sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

e termina com uma cartinha...


  Começou com uma vontade enorme, como na juventude, de escrever cartas. Trocar correspondência. Relembrar os tempos dos cartões postais, dos papéis de carta, dos envelopes riscados de vermelho e azul, verde e vermelho, dos selos, da ansiedade à espera do carteiro, dos "petit paquet"... Fazer amigos do outro lado do mundo. Cores, culturas e credos diversos. 
   Começou com uma cartinha. Como uma cartinha. E devagar foi se transformando em papel, não de carta, mas papel de dobrar. Dobrar origami. Uma arte que já conhecia de criança, mas não sabia. Quantos "marcha soldado" com chapéus feitos de jornal e quantos barquinhos perdidos na enxurrada! 
    Foram pouco mais de cinco anos de textos que viraram frases que viraram fotos. A ânsia de escrever deu lugar à de dobrar. Um "admirável mundo novo" se abriu para mim e descobri que a arte de dobrar papel não se limitava a chapéus e barcos. 
   Foi uma busca incansável por modelos, autores e papéis. Uma necessidade de dobrar algo todos os dias, de ter um pedaço de papel entre os dedos a todo momento. Um vício que, graças às redes sociais, foi compartilhado com outros viciados. Fui conhecendo os mestres, os iniciantes como eu, a turma dos modulares, as feras que dobravam feras. O pessoal do origami é gente boa.
    Dobrei. Dobrei muito. Freneticamente.
   Nestes cinco anos o origami me deu muitas alegrias e outras tantas decepções e tristezas, mas não passou por mim como uma ocupação qualquer. É inegável que mudou minha vida. 
    E chega um momento em que tudo muda... Quando a alegria e o entusiasmo dão lugar ao cansaço, à mágoa e à tristeza é porque a brincadeira perdeu a graça... Aí é tempo de parar e pensar. 
   É por isso que termino aqui a cartinha. 
   Termino agradecendo a todos que passaram por aqui e pararam um minutinho lendo, observando ou deixando um comentário. Agradeço aos autores por compartilhar seus diagramas e nos proporcionar o prazer de dobrar. Agradeço aos amigos pelas palavras de ânimo. Agradeço à família pela paciência, carinho e apoio.
   Foi muito bom!

   Um grande abraço,

   Yara