A gente não precisava acordar cedo pra trabalhar, nem pra estudar. Passava o dia assistindo aos desenhos na TV. Os Flintstones, Mike Thor, Os Herculóides, A tartaruga Tuchê, Manda-chuva, Speed Racer, A princesa e o cavaleiro, Tom e Jerry, Pernalonga, A pantera cor-de-rosa, Johnny Quest, Shazan, Scooby Doo. Ih, a lista vai longe...
Brincava de pega-pega, esconde-esconde, queimada, passa-anel, cabra-cega, amarelinha. Jogava damas, dominó, cama-de-gato, ludo, varetas (mexeu! mexeu!). Fazia bichinhos com batata e palitos de dente. Também com massinha de modelar, mas misturava-se tanto as cores que no fim acabava com "cor de burro quando foge". Fazia colar de macarrão; barquinho de papel; chapéu de jornal.
E as bolinhas de gude (ou fubeca), pião, papagaio (ou pipa), carrinho de rolimã (uma vez meu avô fez um carrinho bonitinho pra mim; descia a ladeira como um foguete!), telefone de latinha! Lembra que a gente pegava copinho de Danone, limpava, fazia um furo no fundo, passava barbante encerado com vela, dava um nó atrás do furo e puxava o barbante, dando uns soquinhos: o som imitava uma galinha. Vê se pode, a graça era fazer barulho de galinha com um potinho de iogurte... Quanta inocência...
O ruim daquele tempo era tomar leite de magnésia, óleo de figado de bacalhau. Eca! Mas em compensação a gente se lambuzava com sorvete (aquele de "rolinho"; que era feito numa máquina com seis garrafas, três de cada lado, viradas para baixo e todas com sucos coloridos); quase arrebentava os dentes com quebra-queixo; se deliciava com algodão doce; se engasgava com bala Soft; chupava pirulito do Zorro (e aquela chupeta vermelha de açúçar); mastigava aqueles chicletes quadradinhos da Adams; se entupia com balas Juquinha; fumava os cigarrinhos da Pan; esfarelava os canudos de biju; lambia as colheres com massa crua de bolo; comia pasta de dente...
Mas a gente se machucava também. Lembra daquelas bolinhas que batiam? Eram duas bolas de plástico presas nas pontas de um cordão, que batiam com um movimento pra cima e pra baixo: tac, tac, tac, tac. Faziam um barulho infernal, sem contar as "bistecadas" que a gente se dava nos dedos. Você também batia o ioiô na testa? Tinha dor nas costas com o bambolê? Ficava com os olhos ardendo quando uma bolinha de sabão estourava na cara? E os joelhos ralados de tanto cair na rua!
As historinhas que a gente ouvia antes de dormir... Bruxas, fadas, bicho-papão! As cabaninhas que se faziam com lençóis em dias de chuva. As "carinhas" que a mãe desenhava no esparadrapo do dedo machucado. Os estalinhos que o pai comprava pras festas juninas.
Tudo tão ingênuo, tão singelo, tão simples! Como era bom ser criança...
Bom Dia da Infância pra você!
Com carinho, Yara.
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