Meu avô paterno morreu quando eu tinha apenas 3 anos. Não me lembro dele, mas minha mãe me diz que ele era um senhor muito distinto, muito elegante. Andava sempre de terno. Usava chapéu. Tinha boas maneiras. Imigrante, saiu de Kyoto em busca de uma vida melhor. Também ele passou por guerras e pelas consequências destas. Chegou ao Brasil. Casou. Teve filhos. Trabalhou em cooperativa.
Quando do casamento de minha mãe, neta de italianos, foi o único na família a recebê-la de braços abertos.Quando nasci, diz-se que minha avó comentou: "Papai nunca deu presente para nenhum filho ou neto. Yara foi a única". Segundo minha mãe, foi um chocalho e uma bruxinha. Pena que se perderam.
Ele dizia a minha mãe: "Tem que ter mais filho, né? Quem tem um, não tem nenhum".Ele não viu meu irmão nascer. Teria ficado muito feliz.
Partiu aos 63 anos. Dizia que não havia enriquecido porque sempre trabalhara honestamente. Deixou o que as pessoas ricas de espírito deixam: honra, respeito, retidão.
Com carinho, Yara.
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